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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Mesa Redonda: REPRESENTAÇÕES COTIDIANAS, VALORES E POLÍTICA



Mesa Redonda: REPRESENTAÇÕES COTIDIANAS, VALORES E POLÍTICA

Ideologia, representações cotidianas e Movimentos Sociais - Nildo Viana (UFG)
Representações Cotidianas e Racismo - Cleito Pereira dos Santos (UFG)
Capital Comunicacional, representações Cotidianas e Luta Cultural - Edmilson Marques (UEG)
Escola, Valores e Mentalidade Burguesa - Jean Costa Santana (FCA).

REPRESENTAÇÕES COTIDIANAS, VALORES E POLÍTICA

A mesa redonda “representações cotidianas, valores e política” visa estabelecer uma relação entre algumas manifestações culturais (as representações cotidianas – o que geralmente se denomina “senso comum” –, o imaginário – as representações cotidianas ilusórias – e os valores) e a política, no sentido marxista da palavra, como toda e qualquer manifestação direta ou indireta da luta de classes. A força das ideias, das representações cotidianas, das ilusões, dos valores, nas lutas sociais não podem ser desconsideradas em nome de um economicismo empobrecedor. A concepção segundo a qual a consciência é mero reflexo da realidade também não dá conta da realidade. Tal como bem colocou Karl Korsch, as ideias fazem parte da realidade e por isso atuam sobre ela, sendo mobilizadoras. Nesse sentido, assume grande importância analisar as representações cotidianas, a forma de consciência da maioria da população (e sua manifestação específica, o imaginário, ou seja, representações cotidianas ilusórias) e os valores em sua relação com a política em geral, a luta de classes. Analisar as manifestações populares, seus avanços e recuos, as greves, as lutas políticas institucionais, significam não só buscar entender os acontecimentos, mas as intepretações, posições, valores, opiniões, da população em geral e do proletariado em particular, nesse contexto, pois isso ajuda a compreender a dinâmica das lutas sociais e da hegemonia burguesa e da resistência proletária. Assim, partindo de uma análise crítica das representações cotidianas, dos valores e do imaginário, fica mais fácil perceber os processos políticos contemporâneos e ver o seu papel na dinâmica da luta de classes, especialmente das classes exploradas. Nesse sentido, é fundamental compreender as representações cotidianas, suas formas, características, processos, bem como mais especificamente o imaginário, com maior presença e dominância na cultura das classes exploradas, e os valores (dominantes e marginais), bem como utilizar tal compreensão para perceber o desenvolvimento dos processos políticos, do passado e do presente. As representações cotidianas e imaginário sobre eleições, partidos políticos, governos, Estado, sociedade e política em geral, são importantes, bem como analisar as representações cotidianas e sua dinâmica de produção e reprodução envolvida na luta de classes, influenciada pelas ideias dominantes, sociabilidade capitalista, meios oligopolistas de comunicação e sua resistência e contradições, bem como as influências da teoria revolucionária, grupos radicais e intelectualidade engajada. Da mesma forma, analisar os valores manifestos na sociedade e nas classes sociais, suas mutações e contradições, sua produção e influência nos movimentos sociais e população em geral, são outros aspectos importantes para compreender a política e as relações sociais na sociedade contemporânea.

Integrantes, temas e resumos individuais:

Nildo VianaIdeologia, Representações cotidianas e Movimentos sociais
Cleito Pereira dos SantosRepresentações cotidianas e Racismo
Edmilson MarquesCapital Comunicacional, Representações cotidianas e luta cultural
Jean Costa SantanaEscola, Valores e Mentalidade Burguesa


Nildo Viana
Prof. Faculdade de Ciências Sociais/UFG; Dr. em Sociologia/UnB.
Título: Ideologia, Representações cotidianas e Movimentos sociais

Resumo:
Os movimentos sociais são criações da sociedade moderna que estão envolvidos na dinâmica das lutas de classes e na luta cultural que se realiza no seu interior. Os movimentos sociais são constituídos por grupos sociais reais, compostos por indivíduos concretos, e, por conseguinte, manifestam relações sociais concretas e se manifestam através de diversas formas de consciência, sendo, ao mesmo tempo, produtores/reprodutores de concepções e representações, bem como valores, e assim repassam e recebem diversas manifestações culturais. A dinâmica dos movimentos sociais é envolvida tanto pelo universo cultural existente, e, por conseguinte, pelas lutas culturais travadas no seu interior, quanto por relações sociais concretas. Tendo em vista que o poder financeiro, os meios oligopolistas de comunicação, os aparatos estatais, entre diversos outros, são fundamentais para garantir a hegemonia burguesa e isso ocorre efetivamente na sociedade civil, então o mesmo se rproduz no caso dos movimentos sociais. Para compreender a hegemonia burguesa nos movimentos sociais é necessário entender, entre outras coisas, a força da ideologia dominante e das representações cotidianas, como elas se reforçam reciprocamente. A força da ideologia dominante se expressa inclusive como forma como determinados movimentos oposicionistas acabam reproduzindo-a, o que significa a existência da hegemonia burguesa nos movimentos sociais. As representações cotidianas, por sua vez, podem entrar em contradição ou reforçar tal hegemonia, sendo que, devido a própria ação da ideologia e dos meios oligopolistas de comunicação, tende a reforçar, inclusive criando novos chavões que aparentemente são contestadores e, no fundo, são reprodutores das ideias dominantes.

Cleito Pereira dos Santos
Prof. Faculdade de Ciências Sociais/UFG; Dr. em Sociologia/UFSC:
Título: Representações cotidianas e racismo

Resumo:

Procuramos, aqui, apresentar a relação entre a formação da ideologia racial e as representações cotidianas destacando a diversas formas assumidas pelo racismo e seus impactos sobre a sociedade e os movimentos sociais, tais como o movimento negro. Por um lado, destacamos o contexto histórico e social do surgimento da ideologia racial e, por outro, a maneira como tal ideologia é popularizada e disseminada na sociedade. Destacamos também os conflitos oriundos da emergência da ideologia racial, tanto da contestação radical dos seus pressupostos - realizada pelo movimento negro radical, pelo marxismo libertário, dentre outros - quanto das formas moderadas assumidas pelo pensamento burguês (intelectuais, movimentos sociais reformistas, partidos políticos reformistas, conservadores e pseudoesquerdistas). Em síntese, trata de discutir a complexa relação entre emergência da ideologia racial (construto dos intelectuais) e os impactos sobre o cotidiano, sua divulgação, popularização, disseminação, vulgarização no contexto social.


Edmilson Marques
Prof. Universidade Estadual de Goiás; Doutor em História/UFG.

Título: Capital Comunicacional, Representações cotidianas e Intelectuais.

Resumo:

O capital comunicacional é um setor do capital que lucra através da mercantilização da comunicação e da produção cultural, mas, além disso, também executa uma ação de reprodução das ideologias, ideias e valore dominantes na sociedade. Ele tem um papel fundamental na disseminação da hegemonia culturla burguesa e isso afeta as representações cotidianas das classes desprilegiadas, sob as mais variadas formas. Através de várias produções artíticas (cinema, quadrinhos, literatura, música, etc.), científicas, doutrinárias, propagandísticas, repassa os valores dominantes, determinadas concepções e representações, que objetivam criar a adesão da população ao capitalismo. Apesar das contradições que ocorrem no seu interior, o que predomina é sua ação reprodutora. Os meios oligopolistas de comunicação, ao usarem diversos recursos que atinge grande parte da população (Rádio, TV, etc.) com sua programação axiológica e ideologêmica, acaba não somente repassando ideias, mas ajudando a moldar as representações cotidianas das classes desprivilegiadas. As representações cotidianas, que se caractgerizam formamente por realizar um processo de simplificação, naturalização e regularização a nível das ideias a respeito das relações sociais, acabam tendo um reforço poderoso do capital comunicacional e seu processo de violência cultural. Esse reforço é ainda mais eficaz ao divulgar ideologias, ideologemas, vulgarização do pensamento ideológico, no sentido de se tornar mais acessível à população. No entanto, existem contradições, tanto no interior do capital comunicacional quanto da sociedade e as lutas de classes na sociedade acabam criando um contraponto a esse estado de coisas. As representações cotidianas não são vazias e por isso também assimilam, simplificam, as ideias dominantes e nesse contexto de luta cultural, aparece como fundamental os papel dos intelectuais engajados no sentido de uma atuação que reforce a resistência proletária.


Jean Costa Santana
Graduado em Psicologia (Faculdade Anhanguera de Anápolis); Especialista em Psicopedagogia (Faculdade Católica de Anápolis).

Título: Escola, Valores e Mentalidade Burguesa

Resumo:


Vivemos numa época de risco, onde as políticas neoliberais seguem a dinâmica do mercado em detrimento do desenvolvimento humano. Nesse sentido, conjectura-se que a “educação”, proporcionada pela instituição escolar, condicionada, ao mesmo tempo, pelas políticas neoliberais, tenha o objetivo de propor uma homogeneização de indivíduos e de valores, pautada em concepções capitalistas. Nesse sentido, mesmo que a instituição escolar seja um local de relações sociais e, portanto, de contradições sociais, questiona-se o seu posicionamento passivo e receptivo, diante das políticas neoliberais que se retroalimentam da reprodução dos valores e da mentalidade burguesa. Sendo assim, a instituição escolar, como um dos aparatos ideológicos do estado, logicamente reprodutora dos valores da sociedade capitalista, têm a priori, em suas concepções, o objetivo de criar metas predeterminadas para seus alunos. No entanto, aqueles que não conseguem atingir ou caminhar dinamicamente nesse processo são discriminados. Nesse sentido, depreende-se que a instituição escolar, estando aliada aos interesses da classe dominante, se distancia cada vez mais de sua responsabilidade social, e, em sua submissão e passividade diante das políticas neoliberais capitalistas, reproduz, por outro lado, os valores construídos e disseminados pela mentalidade burguesa. A instituição escolar comete uma violência, tanto psicológica como moral em seus alunos, já que essa instituição busca a reprodução das relações de produção e sociais capitalistas padronizadas. Sabemos, todavia, que a escola é formada por pessoas. Diante disso, se torna necessária a luta pelo desenvolvimento da consciência das mesmas, para que a escola se torne um local de contradição e questionamento social, centro de resistência, ao invés de local de passividade e reprodução da mentalidade burguesa.

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